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domingo, 15 de maio de 2011

O caminho de San Diego e a Odisséia de Benítez

O caminho de San Diego e a Odisséia de Benítez

Gerson Wasen Fraga*

A primeira vez que tomei conhecimento da existência de O Caminho de San Diego (Argentina, 2006; direção por Carlos Sorín) foi através do material de divulgação do ciclo de cinema “Vida é Jogo, Jogo é História! Esporte e Civilização”. Até então, a película que narra a odisséia do jovem Tati Benítez (com o objetivo de presentear o ídolo Diego Maradona com a raiz de Timbó cuja forma natural se assemelha, na opinião do protagonista, ao rosto do jogador) me passara completamente despercebida. E talvez assim continuasse, não fosse pela postagem do trailer do filme no blog. Não foi necessário uma segunda exibição das cenas para que eu me desse conta de que estava diante de um filme diferente, sensível, que se destaca não pelos cenários mirabolantes, por explosões ou perseguições. O Caminho de San Diego, pelo contrário, me prendeu pela sua natureza muito próxima aos filmes de documentário, explorando a realidade através dos atores amadores, de cenas que poderíamos muito bem presenciar em uma rápida incursão ao interior do país vizinho. Cenas de pobreza mas também de fé. De trabalho e da eterna espera por uma recompensa qualquer, que pode ser tão simbólica quanto a visita de um grande time da capital a uma perdida cidade do interior. Cenas não só da Argentina, mas de um país latino-americano qualquer, onde as raízes históricas que explicam as diferenças entre o interior e o centro vêm desde os tempos de Facundo e da Regência. E onde as efêmeras ligações em torno de um objetivo comum encontram uma rara oportunidade de concretização através do esporte.
Lamentavelmente, não pude estar presente na tarde em que o filme foi exibido. Para além do filme em si, me interessava muito ouvir os comentários do Álvaro e do Arlei, dois craques, dois jovens craques na área das Ciências Humanas, que poderiam muito bem receber cada um uma camisa dez jogando pelo mesmo time. Me resta apenas o prazer de desfrutar suas linhas neste livro. Contudo, graças aos organizadores, ganhei na semana seguinte uma cópia do filme. E foi então que tive a certeza absoluta de estar diante de uma obra de rara sensibilidade.
O Caminho de San Diego não é um filme sobre futebol. Ou não é apenas um filme sobre futebol. É um filme sobre a relação apaixonada entre o torcedor e seu ídolo. Relação unilateral, normalmente não correspondida, mas nem por isto menos importante. E aqui me saltou aos olhos uma das grandes virtudes da obra de Sorín: Tati Benítez não é um estereótipo, como os brutamontes enlouquecidos das barras bravas, nem o jovem sem perspectivas de vida que encontra na paixão por seu clube uma razão para viver. O protagonista é homem simples, poderíamos dizer mesmo “comum”, com sua necessidade de trabalho, com sua família para alimentar, com seus amigos e vizinhos que encontra em horas de folga ou aperto. Tati Benitez poderia ser qualquer um de nós, que temos no jogo um motivo de gozo e sofrimento, mas que sabemos o quanto ele se faz importante em nosso cotidiano.
Algo que chama a atenção ao longo do filme serena com que o protagonista vai ganhando a simpatia e a confiança das pessoas que vai conhecendo ao longo de sua jornada. O motivo principal não está em seu sorriso humilde, em um carisma sempre difícil de definir. A razão está na missão auto-imposta que lhe conduz à distante capital argentina. Aquilo que a princípio parece uma loucura solitária vai se mostrando ao longo do filme como um movimento do qual toda uma sociedade faz parte. Em outras palavras, é a ideia da comunidade imaginada que transparece e se materializa a cada vez que Tati Benítez ouve uma palavra de incentivo. Em cada um dos companheiros de viagem  que ele encontra, há algo a ser dito sobre o ídolo em questão, sobre a relação com o esporte, enfim, sobre o pertencimento a um mesmo grupo social, preocupado naquele momento com o que poderia vir a ser um momento decisivo na vida de Diego Armando Maradona.
E o que faz Maradona ser este ídolo na vida do jovem Benítez? A pergunta não é tão simples, e poderia muito bem ser estendida da seguinte forma: o que faz Maradona ser um ídolo para os argentinos? O que faz Garrincha ser ainda hoje um mito para os brasileiros? O que fazem os Portaluppis, os Valdomiros, os Romários, os Leônidas, os Helenos, para assumirem o posto de ídolos de uma coletividade de torcedores mesmo após o fim de suas carreiras? As respostas podem ser muitas, indo desde à exposição na mídia ao sucesso pessoal na carreira. Acho que vale ressaltar outro fator: o caráter absolutamente humano que possuem. Benítez, com efeito, não busca seu ídolo no momento da alegria. Sua jornada, ao contrário, se inicia quando descobre que Maradona talvez esteja jogando a última partida de sua vida: a partida pela própria vida. Benítez não vai em busca do inatingível. Ele sabe do lado de Maradona, no fundo, é tão humano quanto ele mesmo.
Ao mesmo tempo, o ato de levar a raiz de Timbó a Maradona só pode ser compreendida enquanto gesto do agradecimento. Não se trata de uma raiz mágica, de algo que inexplicavelmente vá curar Diego ou transportá-lo novamente a uma idade de ouro que àquela altura já havia terminado. Benitez quer simplesmente agradecer. Agradecer a beleza do gols, dos dribles, das vitórias. Agradecer, em suma, a felicidade que o atleta, guerreiro contemporâneo, trouxe a sua existência a cada jogada imprevisível, a cada vitória que lhe trouxe algum significado nos fins de semana cheios de vazios.
Em sua simplicidade, Benitez consegue compreender o significado do esporte como algo que vai além de uma simples atividade física. Ele compreende sua beleza de seu lado humano, cheio de alegrias, mas também de suas pequenas tragédias. Benítez, ao seu modo, é também um craque.  Merece o dez que carrega nas costas.


* Professor de História na UFFS-Erechim. gwfraga@terra.combr


Entrevista com Carlos Sorín

 
Cines Argentinos (C A):- ¿Originalmente esta historia la concebiste con la figura de Eva Perón?
Carlos Sorín (C S):- Si, había hecho un bosquejo allá por 1997 inspirado por el libro "Santa Evita" de Tomas Eloy Martinez. En un capítulo hablaba de las proezas que la gente hizo para salvar a Evita en su agonía.Mi historia trataba de dos hacheros que traian a Buenos Aires un tronco de timbó cargado en el hombro. Un típico ejemplo de pensamiento mágico.Cuando Maradona se enfermó en el 2004 mucha gente vino en peregrinación a la clínica reproduciendo el mismo sentimiento de aquellos que llegaron hasta Evita para darle su apoyo.

C A:- A diferencia de tus últimos trabajos cambiaste las rutas del sur por el noreste argentino ¿Cómo viviste la experiencia de filmar en la selva de Misiones?
C S:Dejé de padecer el polvo y el viento para padecer el calor y los insectos. No se si fue un buen cambio. Pero mi escenario es siempre la ruta, con sus paradores,estaciones de servicio,moteles. No es muy importante que hay a los costados de la ruta. Pueden ser desiertos,pueden ser montañas,puede ser la selva.Y mis films siempre terminan siendo un viaje. Por supuesto no son viajes de turismo. Para mis personajes esos viajes son esenciales, tienen que ver con sus dramas.


C A:-¿Fue difícil encontrar a los actores de esta historia en esta región?
C S: No. Es más fácil que en la Patagonia.En primer lugar porque hay más gente,son zonas más pobladas y también porque la gente del noreste es muy comunicativa.Es fácil relacionarse con ellos.

C A:- ¿Cúal es el secreto para lograr esa espontaneidad en personas que, en su mayoría, nunca se pararon frente a una cámara?
C S: La clave fundamental es tener suerte.Suerte de encontrarlos y suerte que les salga lo que uno quiere.Después es necesario tener paciencia.Esperarlos.Dejarlos que les pasen las tensiones y puedas tomarlos desprevenidos.Mi función quitarle la tensión que le viene a cualquiera que no sea actor,cuando le pones una cámara adelante.Es necesario tener mucho tiempo y estar dispuesto a cambiar aspectos del personaje si a la persona que lo interpreta no le sale.Y lo fundamental:el personaje y la persona deben ser muy parecidos.


C A:- ¿Por qué elegiste el formato de documental para presentarnos al protagonista el "Tati " Benítez?
C S: Era una forma clara y franca para que el espectador sepa todo lo que tiene que saber del protagonista antes que empiece la historia. Sino hubiese sido mucho más largo y engorroso.Hubiese tenido que crear situaciones y contrabandear información. En "la Pelicula del Rey" hice algo parecido:comienza con un reportaje que dos periodistas le hacen a Julio Chavez y en ese reportaje pongo todo lo que el espectador tiene que saber sobre el rey de la Patagonia. En "El Perro" tambien hice algo parecido.Casi en el comienzo el protagonista es entrevistado por el dueño de una agencia de trabajo y este le pregunta todo lo que el espectador tiene que saber de Juan Villegas.

C A:-El camino de San Diego representa otro avance en la carrera actoral de Pascual Condito, ícono de la distribución cinematográfica argentina. ¿Sus personajes de hombres malhumorados son autobiográficos?
C S: Digamos que ese tipo de personaje le cae muy bien.Como un traje hecho a medida.De cualquier manera Pascual es una persona muy emotiva y en las próximas películas lo tendré que explotar más esa veta.


C A:- ¿Es cierto que una de las actrices que interpreta una prostituta tenia miedo que el rodaje fuera una mentira y la terminaran secuestrando?
C S: Si, yo estuve presente en el momento que ella llegó a Curuzú Cuatia para integrarse al equipo. Estaba paranoica. Creian que todo estaba armado para secuestrarla. Pero no podia dejar de venir,por las dudas.Y en cierto sentido sus temores eran razonables:quién podia pensar en ella para una película?.Era mas verosimil que se tratara de una trampa.Sin embargo,habiamos pensado en ella para la película...

C A:-¿Ya tenés programado el "San Diego World Tour" en dondes vas a presentar la película? Una historia que gira en torno a Maradona no sólo despierta interés acá, ¿no?.
C S: Vamos al Festival de San Sebastian y ahí podré darme cuenta como responde el público no argentino.Y si bien Maradona es una personalidad de alcance internacional, la pelicula no trata de Diego, sino de un fan.La noche del 23 de septiembre,cuando se exhiba oficialmente en el Festival podré darme cuenta que pasa con la pelicula en el ámbito internacional.
Entrevista de Hugo Zapata


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