Fotos

domingo, 22 de maio de 2011

Um olhar sobre o Basquete

Um olhar sobre o Basquete

Antes de qualquer coisa, é preciso dizer que sou casado com uma historiadora, logo, ao invés de correr o risco de cair na mesmice do "é preciso saber a história para traçar um futuro melhor", ao qual já fui criticado diversas vezes pelo argumento pouco original, deixo aos historiadores a tarefa de contar o surgimento dessa prática desportiva ;o).

Dito isso, sem mais delongas, vamos direto ao ponto: o basquete.

Sou muito mais aprecidador de basquete do que de xadrez, mas certa vez, durante uma partida com um amigo, que também joga basquete comigo, me peguei traçando um paralelo entre os dois esportes. Neste ponto já posso imaginar você pensando: "Pronto, pirou!!". Calma, calma, seguem aqui minhas percepções:

Assim como no xadrez, no basquete você tem um determinado tempo para efetuar sua jogada.
Assim como no xadrez, quem ocupa melhor a "quadra", leva vantagem sobre o oponente.
Assim como no xadrez, quando tudo parece perdido, uma jogada pode determinar uma reviravolta na partida.
Assim como no xadrez, a decisão pode vir nos segundos finais.
Assim como no xadrez, quem não entende, detesta, mas quem entende, ama.
Assim como no xadrez, estudar o seu adversário é fundamental.
Assim como no xadrez, ter uma boa estratégia e estar atento aos detalhes, pode lhe garantir a vitória.
Assim como no xadrez, o armador por vezes é o rei, por vezes a rainha, a peça central, a mais importante, a que pensa o jogo.
Assim como no xadrez, os alas ora são bispos cruzando a quadra com elegância para bandejas certeiras, ora são peões, enfrentando gigantes no garrafão.
Assim como no xadrez, os pivôs ora são torres aplicando um Roque, deixando o garrafão praticamente impenetrável, ora são cavalos, com sua incrível habilidade de transpor obstáculos ainda maiores.
Assim como no xadrez, as derrotas se apresentam nos detalhes, na desatenção.
Assim como no xadrez, o prazer de uma boa partida, ganhando ou perdendo é inenarrável.

Enfim, dia desses acompanhando um telejornal local, acompanhei uma reportagem onde exibia no Reino Unido um novo esporte que vem se popularizando, o Chess Boxing. Nesta modalidade as partidas de xadrez são disputadas num ringue onde posteriormente os mesmos atletas que a disputam enfrentam-se também no boxe. Mal posso esperar para algum outro lunático criar a modalidade de Chess Basketball ;o).

Ok, ok, uma fala um tanto quanto piegas, eu sei, mas quando entro em quadra, quando chego num parque para praticar o tal "basquetebol arte", quando assisto aos jogos do basquete nacional ou americano pela TV, é assim que vejo esse esporte. Uma paixão que além de me expor a pieguice é também minha válvula de escape. Indo mais além, me dá um certo prazer quando, ao chegar no parque da Redenção para bater uma bolinha, vejo uma gurizada, iniciantes nos esportes, escolhendo o basquete e não apenas o futebol. Uma geração Internet que se "fantasia" com bermudas compridas abaixo do joelho, camisetas de clubes da NBA ou da NBB, tornozeleiras, joelheiras, protetores diversos e passam a tarde se divertindo em quadra.

Basta dizer que meu filho de 1 ano e 3 meses já tem duas bolinhas infantis e uma tabela no quarto. Isso é claro, tirando o fato do papai e da mamãe terem um "escritório esportivo", onde a coleção de bolas e medalhas se perdem meio aos livros de história e de TI. Certa vez, categorizando as amizades numa rede social, vi que num universo de 550 amizades, cerca de 280 conheci graças ao basquete. Ou seja, além de me manter magrinho, me desestressar e me divertir, ainda me dá a oportunidade de fazer amigos. Trata-se realmente de um esporte completo.

Como nem tudo na vida são flores, quem é praticante sabe das dificuldades que é encontrar um lugar para jogar basquete. O basquete não é como o futebol, onde cada praça tem duas traves e, se não tiver, improvisa-se uma goleira com chinelos ou tijolos. O basquete precisa obrigatoriamente de uma estrutura com tabela e aro e que frequentemente é disputada de forma ferrenha justamente com o pessoal do futebol. Sério? Sim, sério, pois geralmente nessas quadras onde existe estrutura de basquete concomitantemente com traves de futebol, a modalidade que chegar primeiro leva a quadra o dia todo. Isso sem contar que, se 10 pessoas chegam para jogar basquete e 20 chegam para jogar futebol (o que é mais comum), impera a lei do mais forte, ou melhor, dos mais fortes e numerosos ;o) Além disso, durante uma partida de basquete, disputar rebotes onde estão fixadas as traves de futebol, é um convite à lesão, principalmente se o jogo for bom. O que acaba acontecendo, é que o pessoal do futebol depreda os aros de basquete, para que a quadra seja exclusivamente deles. É por isso que as quadras do parque Marinha do Brasil, da Redenção, do Parcão e outras quadras que possuem apenas a estrutura para a prática do basquete e não de outros esportes recebem inúmeros frequentadores e se tornam principal ponto para quem quer bater uma bolinha.

Quem não é apenas praticante, mas apaixonado, sabe do prazer que é entrar sozinho numa quadra de basquete, e aliviar todas as suas tensões ouvindo o quique da bola, arremessando várias e várias vezes, 20, 50, 100, 200 vezes, até braços e ombros começarem a reclamar. Então seu cérebro diz: "Oh oh, perdi a conta, estamos no 198º ou no 199º arremesso?". E você responde: "Também não sei, mas sem stress, começamos de novo". Ouvir o barulho da bola entrando na redinha sem enconstar no aro, o famoso "Chuá", é uma das "n" coisas da vida que não tem preço. Se tivesse, eu com certeza pagaria. Assistir a uma partida, onde uma das equipes passa o jogo inteiro correndo atrás do placar e consegue uma virada nos segundos finais, ganhando por um único e mísero pontinho, é uma das experiências mais engrandecedoras que um aficionado por esportes pode acompanhar; o que dirá, viver. Além de ser é claro, uma aula de força de vontade, de saber que antes do apito final, podemos tudo. Jogar basquete é conhecer a superação da condição física humana, saber que o homem é capaz sim de voar, e por muitas vezes, desafiar leis da física; quem já ouviu os nomes Micheal Jordan, Kobe Bryant, Lebron James, entre tantos outros, sabe bem do que estou falando.

Basquete é vida. Vida longa ao basquete.

Cristiano Goulart Borges

Nenhum comentário: